domingo, 8 de dezembro de 2013

Sucessão Ecológica: Clímax

Como já foi visto anteriormente em outros posts, o estágio de clímax de um sistema representa o ápice do mesmo, atingindo o máximo de relações ecológicas, situando-se em um estado estacionário, ou seja, equilibrado e autoperpetuável (o ambiente consume o que produz). O ambiente apresenta-se maduro, com biodiversidade significativa, além de grande quantidade de espécies. Com esta estabilidade afirma-se que as populações presentes não se alteram, somente havendo reprodução das mesmas espécies existentes, sem a chegada de novas.

Divisões

Entre as comunidades clímax, há divisões, as duas principais são:

Clímax Climático

É uma comunidade em clímax que encontra-se em equilíbrio com o clima geral da região. Acontece onde as condições fornecidas pelo biotipo do sistema não são suficientes para alterar o clima regional. De mesmo modo, os fatores edáficos (fatores do solo) são favoráveis à vegetação, porém não responsáveis pela adaptação da mesma, de jeito tal que as plantas adequam-se ao tempo proporcionado.
Em palavras mais simples, a vegetação corresponde mais ao clima do que ao solo.

Clímax Edáfico

São comunidades em clímax modificadas pelas condições edáficas (condições do solo), como topografia e substratos. Com isso, constata-se que há o impedimento do desenvolvimento do clímax climático. Assim, ocorre o término da sucessão ecológica, não acontecendo um estado de clímax perfeito, mas sim forçado, pois as características do solo determinam com rigor a prevalência de certos indivíduos.
Em palavras mais compreensíveis, significa que o bioma corresponde ao solo e não ao clima.
Alguns exemplos são: pântanos, brejos e locais salinos.

Outras divisões são:

Clímax Catastrófico (ou Cíclico)

Estabelece uma relação de dependência entre espécies que torna o ecossistema vulnerável à um evento catastrófico. Por exemplo: espécie A depende da B que depende da C que depende da A. Também pode apresentar-se como estado clímax temporário, podendo ser terminado com a mudança de estações, como a não adaptação dos indivíduos à temperaturas altas (quando no verão) ou baixas (quando no inverno). Ainda classificam-se aqueles que ocasionam catástrofes de modo natural, exemplo: as secas, cheias e certos incêndios naturais.

Disclímax (ou Clímax de distúrbio)

Comunidade estável (porém precedente ao clímax literal) que apresenta diversos distúrbios pequenos de modo repetidos. Na maioria dos casos estes abalos ao sistema são provocados por ações antrópicas (humanas). Não corrompe muito comunidades resilientes (que se recuperam com facilidade) e resistentes (que se mantém com distúrbios mais fortes).


Teorias do Clímax

Para explicar o que especificamente é um sistema clímax, vários biólogos durante o século XX elaboraram teorias para determinar e classificar aqueles que realmente o são.
Alguns das teorias são:

Monoclímax

Uma delas é a proposta pelo botânico Frederic Clements em 1916. Ele escreveu a obra "Sucessão de Plantas" (Plant Sucession) onde dizia.

"O estudo do desenvolvimento de vegetações necessariamente repousa sobre a suposição de que a unidade ou formação clímax é uma entidade orgânica. Como um organismo, a formação surge, cresce, amadurece e morre... Ademais, cada formação clímax é capaz de reproduzir a si mesma, repetindo com essencial fidelidade este processo."

Clements via o estado clímax de um ecossistema como um organismo vivo e único autossustentável, quase como a Hipótese de Gaia descreve a Terra. Esta era uma das hipóteses aceitas na época.
No entanto, ele também afirmava que a comunidade clímax se integrava de modo tal que era dependente somente do clima regional, descrevendo outros elementos tais como a hidrologia e a disponibilidade de nutrientes como secundários, podendo uma comunidade homogênea se estabelecer sem grandes problemas. Considera a hierarquia de subclímax (comunidade quase em clímax), pré-clímax (baixa diversidade), pós-clímax (alta diversidade) Esta suposição seria mais aprofundada posteriormente tornando-se o conceito de clímax climático, como foi visto.

Policlímax

Primeiramente proposta por Arthur Tansley em 1939 e aperfeiçoada por Dunbenmire em 1966. Explicita a obrigatoriedade de condições limitantes ao progresso biológico como fatores topográficos, edáficos e até mesmo bióticos. Não considera a filosofia presenta na obra de Clements como o clímax sendo uma entidade autoperpetuável, mas considera comunidades diferentes, mesmo com as presença de espécies iguais, em clímax, caso se adequem às requisições de estabilidade biológica.

Clímax Padrão

Apresentada por Robert Whittaker em 1953. É um conceito mais avançado e complexo. A teoria considera um padrão maior de possibilidades de comunidades que estabeleceram o seu ápice ecológico, variando de ponto a ponto dependendo das disponibilidades do ambiente, sendo favoráveis ou não ao desenvolvimento de determinados indivíduos.
Em palavras mais entendíveis, ela diz que a composição do sistema não está sujeito somente às condições climáticas (como foi proposto por Clements), edáficas ou topográficas (como foi apresentado por Tansley), mas sim ao resultado do que cada ser produz, se afeta o ambiente, além de ações de forças abióticas.

Exemplos de biomas brasileiros em clímax:

*Floresta Amazônica
*Cerrado
*Pantanal

Características gerais das comunidades clímax:

*Ciclo de vida longo e complexo
*Crescimento de espécies em sua maioria lento
*Tamanho dos indivíduos grandes
*Diversidade alta de espécies
*Cadeia alimentar em rede (complexa)
*Produção de matéria orgânica em qualidade
*Maior capacidade de sobrevivência competitiva



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